terça-feira, 8 de maio de 2012

Mundo da leiturra

MAURÍCIO DE SOUSA 2010: DESENHOS, REEDIÇÕES E CHICO BENTO JOVEM quinta-feira | 18 | fevereiro | 2010 * Animações são estratégia para internacionalização dos personagens de Mauricio * Empresário estuda animação da Turma da Mônica Jovem com tecnologia de “Avatar” * Turma do Penadinho em 3D estreia até o fim do ano em “emissora forte” * Revistal mensal com Chico Bento aos 15 anos sai no segundo semestre * Coleção de luxo vai reeditar histórias de Horácio * Panini vai relançar Pelezinho; L&PM publicará pockets com Os Sousa e Nicodemo Mauricio de Sousa viu nesta semana como ficou o primeiro episódio da animação em 3D da “Turma do Penadinho”. “Ficou lindo!”. A imagem acima dá uma ideia de como ficou. A série terá 22 episódios, de 11 minutos cada um. A estreia está programada para o segundo semestre. Inicialmente, seria exibida pela TV Cultura. Mas houve uma mudança. O desenhista e empresário quer uma rede forte, como ele diz, algo como Globo ou Record. Nada definido ainda, segundo ele. A animação é parte de um projeto de internacionalização das criações dele. O projeto busca inserir os desenhos em emissoras de TV, vistas como uma estratégica porta de entrada. “Hoje, a televisão é mais interessante para nós, porque gera revistas, produtos etc.”, diz Mauricio. Ainda há poucas animações. A proposta é aumentar a produção. ”Eu acho que daqui a um ano, um ano e meio, vamos poder atacar de forma maciça.” Nos quadrinhos, o ataque dos personagens dele, hoje, já chega a 50 países. As séries terão como vizinhos os filmes. Um deles, também em 3D, está em processo de planejamento. Vai dar movimento a Horácio, personagem que Mauricio ainda desenha. ”O Horácio é um personagem especial porque o pessoal do estúdio não estava pegando o jeito de como fazer. Eu estou meio escravo dele. De vez em quando, alguém pega [o personagem], chuta e acerta. Mas tem sido raro.” O dinossauro verde está nos planos impressos também. As histórias do personagem serão relançadas em uma coleção de livros, produzidos com capa dura. A lida acima mostra a estreia dele. A coleção deverá ter 18 livros. O primeiro sai neste ano. Os editores sugeriram que saísse um volume a cada seis meses. “Se eles me dizem que é semestral, vai ser trimestral.” Mauricio demonstra ter pressa na concretização dos projetos. A cobrança por agilidade foi demonstrada mais de uma vez nos 24 minutos da conversa telefônica feita com ele. Pergunto por quê. “A vida é curta. Você não sabe o dia de amanhã. Eu quero tudo hoje.” A menção à velocidade apareceu também na explicação de um outro projeto, que envolve a produção de histórias de seus personagens por desenhistas conhecidos. ”Vamos fazer a coisa mais ágil, mais jornalística. Quero fazer as pessoas trabalharem mais rápido.” Segundo Mauricio, o grupo editorial ainda está pensando o jeito como isso será feito. Por ora, sabe apenas que quer que as narrativas sejam criadas em prazos menores. A ideia parece ter se espelhado no álbum “MSP 50 – Mauricio de Sousa por 50 Artistas”, lançado em 2009 em comemoração aos 50 anos de carreira. Há uma sequência, “MSP + 50″, programada para este ano. Capa da edição de janeiro de “Turma da Mônica Jovem”, revista que vende quase o dobro de “Mônica” Nascido em Santa Isabel, no interior paulista, em 1935, Mauricio de Sousa é o epicentro de um afinado maquinário empresarial, que envolve os quadrinhos e os mais variados produtos derivados dos personagens. Ele demostra ser uma mescla de empresário – lado dele pouco lembrado - e criador. Tem domínio de todos os projetos. Durante a entrevista, consultou seu staff apenas para detalhes. Detalhou sem necessidade dos assessores como irá ficar o caipira Chico Bento na versão adolescente, ideia ancorada na revista “Turma da Mônica Jovem”. Segundo Mauricio, será uma revista mensal, programada para outubro. “Mas não tem mangá. Vai ser um pouquinho mais clássica, com uma forte mensagem ecológica”. Chico Bento terá 15 anos. Estará na roça, como sua versão infantil, que continuará sendo produzida. As preocupações, no entanto, serão outras, como emprego. O projeto surge em meio a números convidativos. A revista “Turma da Mônica Jovem” vende, hoje, mais do que um exemplar dos títulos tradicionais. Segundo Mauricio, os personagens adolescentes vendem de 300 a 400 mil exemplares por mês. Uma revista como “Mônica” ou “Cebolinha”, 200 mil cada uma. O primeiro número da trupe jovem está na sétima reimpressão. Já está em pauta lançar, pela Panini, uma caixa com as edições iniciais. O número mais recente é o 18, de janeiro. O grupo empresarial de Mauricio de Sousa já iniciou a franquia de produtos com os personagens adolescentes, mesmo caminho percorrido pelas versões infantis. A Turma da Mônica jovem também está nos planos de ser levada para a TV. A dúvida é sobre o formato, ainda uma “grande incógnita”, segundo Mauricio. De início, seria uma animação para o canal pago Cartoon Network. Depois, a Digital 21, coprodutora da animação da Turma do Penadinho e do longa de Horácio, se interessou. A Digital 21 trabalharia com a tecnologia usada no fime “Avatar”, que mescla animação com movimentos reais. Há também a possibilidade de uma versão com atores. Para qual das três pende mais, pergunto. “Eu acho que vamos para o ‘Avatar’.” A parceria com a multinacional Panini acentuou os projetos especiais. Mauricio de Sousa começou a publicar na nova casa editorial em janeiro de 2007. ”O saldo é altamente positivo. A Panini, por ser uma editora de quadrinhos, sem desmerecer as outras, permite manter uma estratégia muito mais ágil e ambiciosa.” Novamente a menção à agilidade. Para o empresário, é possível ter um retorno mais rápido sobre o andamento dos produtos, sem que estes dividam espaço com as revistas. Na Abril, onde ficou de 1970 a 1986, e na Globo, de 1987 a 2006, a Turma da Mônica tinham de dividir espaço com as demais revistas jornalísticas e de entretenimento. Parte da estratégia “ambiciosa” de que Mauricio fala é centrada em relançamentos, alguns para o leitor adulto, que cresceu lendo as histórias da Turma da Mônica. Publicou pela Panini coletâneas das tiras, das primeiras revistas e planeja, agora, o retorno de Pelezinho, personagem inspirado no jogador Pelé. Será uma reedição das histórias, publicadas em revista própria entre agosto de 1977 e maio de 1982. O título teve 58 números. As novas revistas serão almanaques. Mauricio diz que falta apenas acertar um detalhe com o grupo de Pelé. Quer que chegue às bancas antes da Copa do Mundo da África do Sul, que terá início em junho. A única experiência que não funcionou, pelo menos na Panini, foram os livros de bolso com reedições de tiras. A editora publicou cinco, sem que tivessem sequência. Esse filão é dominado pela L&PM. E foi para lá que Mauricio passou a hospedar suas séries. Os dois primeiros pockets, um com tiras de Mônica e outro de Cebolinha, saíram em 2009. Foram 5 mil exemplares. Esgotaram, segundo Mauricio. Para este ano, a editora gaúcha vai publicar volumes com outros personagens: Bidu, Nicodemo, Os Sousa. Os dois últimos são séries que fogem ao estilo das demais. Nicodemo traz um humor >> BLOG DOS QUADRINHOS – por Paulo Ramos Comentários desativados | Artigos & Ensaios, Cinema, Curiosidades, Entrevistas, Lançamentos, Mangá & Anime, Quadrinhos, TV | Link Permanente Escrito por Silvio Alexandre -------------------------------------------------------------------------------- MAURICIO DE SOUSA: DAS TIRAS DE JORNAL À MÁQUINA DE QUADRINHOS sábado | 17 | outubro | 2009 A Turma da Mônica, criação do desenhista, faz parte da Educação das crianças brasileiras Nascido em Santa Isabel, pequena cidade do interior de São Paulo, Mauricio de Sousa passou a infância entre Mogi das Cruzes e a capital São Paulo. Suas primeiras aulas foram no Externato São Franciso, no centro de São Paulo. Ainda estudante, ele trabalhou em rádios e desenhando cartazes e pôsteres, para ajudar no orçamento doméstico. Depois foi repórter policial do jornal Folha da Manhã durante cinco anos. Em 1959, criou uma série de tiras em quadrinhos com um cãozinho e seu dono – Bidu e Franjinha - e ofereceu o material para os redatores da Folha. As historietas foram aceitas. O jornalismo perdeu um repórter policial e ganhou um desenhista. Mauricio criou personagens e gibis que fizeram e fazem parte da infância de muitos brasileiros. Além de Bidu e Franjinha, você certamente conhece Cebolinha, Chico Bento, Penadinho, Horácio, Astronauta, Mônica, Cascão e Magali, todos criados por Mauricio. Hoje, em seu estúdio, o criador da Turma da Mônica emprega mais de 500 pessoas e tem na família a sua principal fonte de energia. Com dez filhos, 11 netos e um bisneto, Mauricio lançou recentemente o site Máquina de Quadrinhos, o primeiro editor online de histórias em quadrinhos do Brasil. Mas ele ainda tem um sonho a realizar: fazer uma série de TV nos moldes do antigo Vila Sésamo, voltada para a primeira infância. Foi em seu estúdio, em meio a um clima efervescente, que Mauricio parou um momento para falar com a repórter Jeanne Margareth e contar sobre sua escola, infância e sonhos de um Brasil mais feliz. “Precisamos melhorar, modernizar sistemas, padrões e estruturas, para poder receber dignamente esta criança moderna, curiosa, esperta e carente de perspectivas”, afirmou. Leia a seguir a entrevista na íntegra. Qual foi a sua primeira escola? Minha primeira experiência escolar foi no Externato São Francisco, no Largo São Francisco. Eu morava na rua Maria Antônia, centro de São Paulo, pertinho do colégio. Quais são as suas lembranças dessa época? Um momento especial do dia, quando eu e uma priminha íamos a pé até o colégio. Eu tinha seis anos e já estava tomando conhecimento dos gibis. Outra coisa inesquecível não tinha nada a ver com a didática, mas é uma lembrança muito gostosa… a hora do lanche. Com os deliciosos sanduíches de marmelada que minha mãe preparava. Quais foram os seus momentos mais marcantes na escola? No Externato São Francisco,eu comecei a rabiscar minhas primeiras letras no caderno de caligrafia. Foi lá também que tomei minha primeira colherada de óleo de Santa Maria (contra vermes). Horroroso! Tinha que levar laranja para chupar após a colherada. Você foi um bom aluno? Em alguns períodos, sim. Mas, em outros, enfrentei problemas. As mudanças de endereço (e de cidade) me prejudicaram um pouco no primário e no final do ginásio. A necessidade de trabalhar também prejudicou bastante. Você lembra dos professores? Lembro de muitos. Alguns pela eficiência. Outros por métodos fracos de ensino. Mas, no geral, tive muitos bons professores. Fui bem servido em português, história, ciências, francês, geografia… mas nem tanto em matemática. Algum desses mestres marcou a sua vida? Sim, uma das professoras mais marcantes foi Dona Iracema Brasil, que ministrava um curso preparatório para entrar no ginásio. Quando fui estudar com ela, estava meio por baixo, depois de um quarto ano maltratado. Mas Dona Iracema me levantou a moral, usou carinho e psicologia e acabou me transformando num dos melhores alunos da classe e dos primeiros anos do ginásio. Nesse tempo, eu estudava em Mogi das Cruzes, e o colégio era o Washington Luiz. Como era o ensino quando você frequentou os bancos escolares? Melhor e diferente do que é atualmente. Os professores eram personalidades respeitadas e bem posicionadas economicamente na cidade. Consequentemente, podiam se dar mais e melhor para as aulas. Os alunos só lucravam com isso. Na sua opinião, a tecnologia ajuda o ensino? A tecnologia sempre vem para ajudar. Depende do uso que fazemos dela. E a Turma da Mônica surgiu para ajudar na Educação ou apenas para divertir? Nossas historinhas vieram originalmente para entreter e divertir. Mas, com o tempo e a força dos personagens, eu e os porfessores descobrimos caminhos possíveis na paradidática. Com o auxilio da técnica da narrativa dos quadrinhos e o carisma dos personagens, descobrimos uma forma de ajudar na Educação. Você tem planos para a Turma da Mônica? Fico feliz com a turminha indo para a escola nos livros escolares e trabalho dos alunos, mas está faltando a realização do meu grande sonho: uma série de TV, nos moldes do antigo Vila Sésamo, onde ensinaríamos primeiras letras e números para a turminha que ainda vai entrar na escola. Uma pré-escola pela TV. Faz falta isso neste país. Qual é a sua maior preocupação em relação à Educação no Brasil? É a preparação para a escola. Precisamos melhorar, modernizar sistemas, padrões e estruturas, para poder receber dignamente esta criança moderna, curiosa, esperta e carente de perspectivas. Você foi um pai fiscalizador, severo ou do tipo mais tranquilo com relação aos estudos dos filhos? Não me considero um pai severo quanto aos estudos dos filhos. Mas exigente, sim. Conversamos muito, sempre, e os resultados aparecem. O que faz uma boa escola e um bom professor? Mauricio: Um bom método de ensino faz uma boa escola. Um bom professor é aquele que segue, usa e aperfeiçoa esse bom método. Qual foi o primeiro livro que chamou a sua atenção? Um livrinho simples, de história de fadas, de papel ruim e ilustrações idem. Mas era um livro. Um objeto mágico. Que “falava” comigo. Qual livro indicaria aos jovens para despertar o gosto pela leitura? Ah! Existem tantas opções nos dias de hoje… começando pelas revistas e gibis. Acho que o jovem deve frequentar mais as livrarias, transitar pelas estantes, tentar se interessar por algum título, folhear, pinçar frases em algumas folhas, ver a “orelha” do livro e… seguir o seu instinto. Também há as indicações. Que podem ou não servir. Cada leitor é uma cultura. Em sua opinião, qual matéria não pode faltar no currículo escolar? Informática, que sempre deve ser estudada em profundidade. O que pode ser feito contra a desvalorização do professor? Mauricio: Reciclagem geral. Governos e instituições deveriam mudar o trato com os professores e criar sistemas para aperfeiçoamento da didática. Os quadrinhos podem ser um caminho para estimular o estudo e a leitura? Sim. Foi dessa forma com os meus filhos, comigo e é com milhares de brasileiros. Como seria a escola de seus sonhos? Aquela da esquina do meu quarteirão. Continuação da minha casa. Mistura de carinho com dever. >> EDUCAR PARA CRESCER – por Jack Starman – 3/04/2008 Comentários desativados | Artigos & Ensaios, Autores, Cinema, Curiosidades, Entrevistas, Livros, Quadrinhos | Link Permanente Escrito por Silvio Alexandre -------------------------------------------------------------------------------- MAURICIO DE SOUSA: 50 QUADRINISTAS FARÃO HOMENAGEM EM ÁLBUM sexta-feira | 12 | junho | 2009 A jornalista Mônica Bergamo divulgou hoje, em sua coluna na Folha de S.Paulo, que será lançado em setembro, na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, o álbum MSP 50, no qual 50 quadrinhistas homenagearão Mauricio de Sousa. Os autores farão, no seu próprio estilo, histórias dos personagens de Mauricio. Segundo o jornal, o time de convidados já tem nomes como Laerte, Ziraldo, Fernando Gonsales (que fará uma HQ do Bidu), Renato Guedes, Fabio Yabu, Spacca, Ivan Reis, Gabriel Bá e Fábio Moon. Nas últimas semanas, Bennet e Jean Okada já haviam postado em seus blogs esboços de sua colaboração com o projeto. O Universo HQ entrou em contato com a Mauricio de Sousa Produções e confirmou mais alguns nomes que estarão no álbum: Samuel Casal, Eloar Guazzelli, Flávio Luiz, Fábio Lyra, Fido Nesti, Vinícius Mitchell, Lélis, Antonio Eder, Wander Antunes, Rodrigo Rosa, Jô Oliveira, Mascaro, José Aguiar, Lin, Gustavo Machado, Gustavo Duarte, Laudo, Júlia Bax, Jean Galvão, Gilmar, Antônio Cedraz, Rafael Sica, Orlandelli, Marcelo Campos, Otoniel Oliveira, Christie Queiroz, Raphael Salimena, Vitor Cafaggi e outros. De acordo com a assessoria da empresa, MSP 50 significa Mauricio de Sousa Por 50 Artistas Brasileiros, além de fazer referência à sigla da empresa do autor (Mauricio de Sousa Produções) e ao seu cinquentenário de carreira. O álbum, que será publicado pela Panini Comics, ainda não tem número de páginas ou preço definidos. A nota da Folha informa ainda que, no dia 18 de julho (dia em que Mauricio publicou sua primeira tira, na Folha da Manhã, atual Folha de S.Paulo), será aberta, no MuBE – Museu Brasileiro da Escultura, a exposição Mauricio 50 anos. A mostra terá painéis contando a trajetória do autor, esculturas dos personagens e diversos cenários. >> UNIVERSO HQ – por Marcelo Naranjo Comentários desativados | Autores, Curiosidades, Eventos, Quadrinhos | Link Permanente Escrito por Silvio Alexandre -------------------------------------------------------------------------------- E A TURMA DA MÔNICA CRESCEU sexta-feira | 23 | janeiro | 2009 Quando em 1959 o jornalista policial Mauricio de Sousa ofereceu aos seus redatores uma tira em quadrinhos sobre um cãozinho e seu dono, Bidu e Franjinha, não imaginava o sucesso que sua turma de personagens alcançaria no Brasil. Dos anos sessenta pra cá, pelo menos três ou quatro gerações conhecem os gibis, tirinhas, filmes e brinquedos com a marca da Mônica. E isso não é pouca coisa! Num tempo de avalanche norte-americana, de Mickey, Pateta e Pato Donald a todo vapor, a Mônica resistiu, e depois resistiu aos Jaspions e Power Rangers, ao Chaves, ao Shrek, firmando-se como a única referência cultural brasileira para crianças.Turma da Mônica Jovem. Na nova série, “eles cresceram”, como anuncia a capa, mas não tanto quanto a idade da criação, e sim uns 10, 12 anos, o suficiente para atingir a idade de um grupo de leitores que continuou lendo quadrinhos. Sim, de uma geração para cá as crianças não substituem necessariamente quadrinhos por livros, muitas seguem na leitura de quadrinhos e prova disso são as edições de luxo dos quadrinhos de heróis e a onda de publicações japonesas que chegam por aqui. E é essa a geração que convenceu Mauricio de Sousa a entrar em novo mercado, mexer nas consagradas figuras de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. Claro que os adultos que um dia leram a Turma da Mônica, e por vezes se alfabetizaram lendo a Turma da Mônica, guardam carinho e saudade pelos personagens. Quem já não se identificou com Cascão, Mônica, Cebolinha, Magali, Franjinha, Chico Bento? Quem já não chamou algum cachorro de Floquinho por causa dos pelos, algum menino de Cascão pela falta de banho, alguma menina de Mônica pelo vestido vermelho, ou pelos dentões, ou pela brabeza? Quem não lembra da Magali ao comer melancia, do Cebolinha ao falar elado, da Rosinha ao ver alguém de tranças? Prova de que a maior qualidade de Mauricio de Sousa é a de criar tipos, personagens simples, carismáticos, transpostos do dia-a-dia das famílias brasileiras e reproduzindo, de certa forma, seus valores e preocupações. Mas não quero aqui voltar aos quadrinhos de minha infância, nem antecipar as comemorações de 50 anos da primeira publicação da Turma. A novidade do momento é a Turma da Mônica Jovem. Na nova série, “eles cresceram”, como anuncia a capa, mas não tanto quanto a idade da criação, e sim uns 10, 12 anos, o suficiente para atingir a idade de um grupo de leitores que continuou lendo quadrinhos. Sim, de uma geração para cá as crianças não substituem necessariamente quadrinhos por livros, muitas seguem na leitura de quadrinhos e prova disso são as edições de luxo dos quadrinhos de heróis e a onda de publicações japonesas que chegam por aqui. E é essa a geração que convenceu Mauricio de Sousa a entrar em novo mercado, mexer nas consagradas figuras de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. Confesso que não achei o número 1 para comentar nesta resenha, até porque segundo comunicado do próprio Mauricio, publicado no número 2, “a editora teve de religar a impressora várias vezes para atender à demanda explosiva, e de uma previsão que ia pelos 50, 60 mil exemplares, saltamos para mais de 200 mil”. Mas o número 2 de certa forma continua uma história iniciada no primeiro, retoma a apresentação das quatro personagens principais e nos dá uma boa noção do projeto. Em geral, minha principal curiosidade era como adaptar aquelas crianças tão politicamente incorretas para os dias de hoje. Uma coisa é um cartunista em busca de espaço criando suas personagens, outra é um megaempresário de sucesso pensando num novo nicho de mercado em um tempo de consciência ecológica, pacificista, nutricional, social e assim por diante. Tinha certeza que a Magali não seria uma adolescente obesa, apesar de existirem tantas. Que o Cebolinha não falaria elado e nem arrumaria briga com os vizinhos, apesar de tantos o fazerem. Que o Cascão não continuaria fugindo da água, nem fedendo. E, principalmente, que a Mônica não bateria mais nos amigos com ou sem coelho, fosse ou não dentuça. O que, convenhamos, tiraria toda a graça da história. Mas a solução encontrada pela equipe de Mauricio de Sousa foi engenhosa e pode se tornar bastante produtiva. A Mônica ainda é a líder da turma, um tanto nervosa, mas cresceu, ganhou corpo, altura e o Sansão fica guardado na cama do quarto. A Magali segue esfomeada, mas se cuida, busca uma alimentação saudável e tem um corpão. O Cebolinha foi numa fonoaudióloga e só fala elado quando está nervoso (grande sacada!). Virou namorado da Mônica. E do Cascão foi ampliado o lado moderno, de skatista, das gírias, e mesmo que não goste, agora toma banho sem dramas. Em suma, numa linguagem teórica pode-se dizer que os personagens se tornaram menos planos e mais esféricos, menos simples e mais complexos, sem perderem a essência construída ao longo de 50 anos. A estética dos gibis, como se tem comentado muito, é mangá, o estilo anime japonês que saltou dos quadrinhos para os desenhos de televisão até quase a exaustão. Mais alinhado ao público jovem, traz ilustrações grandes (algumas de página inteira), cenários mais elaborados, impressão em preto e branco e mais de uma centena de páginas. Esteticamente a adaptação não foi traumática, pelo contrário, atualizou a linguagem simples da Turma da Mônica para uma geração muito acostumada a imagens. A dúvida é se esse alinhamento com o mangá irá provocar também uma mudança de conteúdo. Se tomarmos como exemplo o número 2, que tenho em mãos, o conteúdo das histórias mudou muito mais do que as personagens, num claro rompimento entre uma e outra geração. As primeiras histórias da Turma da Mônica Jovem nos levam para um mundo de fantasia, com unicórnios, monstrengos, dragões e feiticeiras que precisam ser destruídos. Para combatê-los a Mônica se torna arqueira; o Cebolinha vira guerreiro; a Magali, feiticeira; e o Cascão, ladino (numa clara referência aos RPGs). Os quatro são transportados para outra dimensão e lá precisam resgatar cinco chaves, lutando contra monstros tão feios e perigosos quanto fáceis de serem vencidos. Para nós, acostumados aos conflitos realistas e cotidianos dos gibis, essa “harrypotterização” da Mônica desagrada, quase ofende. Pode ser que seja apenas um começo, que em breve vejamos a Turma com conflitos de adolescentes, sem pirotecnias e sem apelar para a batida luta entre Bem e Mal, para clichês como fuga em montanha russa, para cenas de lutinha que lembram os desenhos japoneses exaustivamente repetidos na televisão. E isso não porque a Turma de antes era melhor que a de agora ou porque os adolescentes precisam de algumas lições. Não! Apenas porque um grupo de personagens que sobreviveu a Mickey, Pateta, Pato Donald, Jaspion, Power Rangers, Chaves, Shrek não pode levar surra do Pokémon, não pode se transformar sob o risco de perder a essência que o trouxe até os anos 2000. Nesse sentido me preocupa um trecho da já citada carta de Mauricio de Sousa na edição nº 2: “vai ser um bom trabalho, com ramificações pra todo lado, desde publicações especiais com a turminha, licenciamento, desenhos animados, a turma da escola, no celular, na música, em shows, como produto de exportação…”. Está bem, não sejamos ingênuos, é claro que a Turma da Mônica só sobreviveu a Walt Disney pela visão comercial de Mauricio, mas será mesmo preciso pensar nesse passo importante, nesse novo momento como um novo produto? Será preciso mencionar licenciamentos e porcarias para celular, que certamente farão as crianças obrigarem os pais a gastar? Não haverá bandeiras mais dignas do tamanho da Turma da Mônica, como incentivo a leitura, valorização do nacional, conscientização de problemas sociais que não aparecem na televisão? Espero que sim, espero que aos poucos a turma seja menos Quarteto Fantástico, menos Harry Potter e mais Shrek, Toy Story, Madagascar, bons exemplos de “produtos” para criança capazes de entreter, fazer pensar e ainda divertir os pais que estão acompanhando os filhos. Porque os leitores cresceram, é verdade. Mas nem todos ficaram altos, bonitos, fortes, atraentes e felizes. >> DIGESTO CULTURAL – por Marcelo Spalding Comentários desativados | Artigos & Ensaios, Autores, Mangá & Anime, Quadrinhos, Resenhas | Link Permanente Escrito por Silvio Alexandre -------------------------------------------------------------------------------- Você pesquisou nos arquivos do blog Universo Fantástico por ‘bidu 50 anos’. Se não encontrou o que queria nestes resultados, você pode tentar um destes links. Search Autores o Adriana Amaral o André Vianco o Bráulio Tavares o Christopher Kastensmidt o Cristina Lasaitis o F. 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